Estilo de Vida

Combate à obesidade vai além da luta para mudar estilo de vida

Combate à obesidade vai além da luta para mudar estilo de vida
  • Publishedoutubro 23, 2024

Combate à obesidade vai além da luta para mudar estilo de vida, diz pesquisador.

Remédios para o tratamento da obesidade, como o Ozempic, foram considerados os principais avanços científicos de 2023 pela revista Science. No entanto, as taxas de sobrepeso vêm crescendo em todo o mundo, com destaque para a América Latina.

Estimativas de 2020 indicavam que 14% da população mundial vivia com obesidade. A previsão é que, em 2035, esse índice seja de 24%, incluindo crianças, adolescentes e adultos. “É importante encontrar estratégias nutricionais e farmacológicas para mitigar o problema, mas será que isso é o suficiente? Sabemos que o impacto de fatores socioeconômicos e ambientais se sobrepõe a quaisquer outros que influenciam a ocorrência da obesidade, incluindo componentes genéticos ou tentativas de imputar ao indivíduo a culpa de ser obeso. O fato é que a obesidade vai muito além da luta individual contra o sedentarismo e por mudanças no estilo de vida”, afirma Marcelo Mori, integrante do Centro de Pesquisa em Obesidade e Comorbidades (OCRC) – um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP sediado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Mori é um dos autores de um artigo publicado nesta segunda-feira (04/03) na revista Nature Metabolism, que aponta a necessidade de as iniciativas destinadas a compreender a obesidade envolverem abordagens multidisciplinares e globais.

No trabalho, pesquisadores da Unicamp, Universidade de São Paulo (USP) e Universidad Nacional Autónoma de México (Unam) elencam oito determinantes principais – ambiente físico, exposição alimentar, interesses econômicos e políticos, iniquidade social, limitação do acesso ao conhecimento científico, cultura, comportamento contextual e genética – para explicar o crescimento da obesidade na América Latina e para orientar a construção de políticas e estratégias públicas mais eficazes. “Elencamos aspectos cujos efeitos no ganho de peso se sobrepõem, ressaltando a ideia de olhar para o problema com mais cuidado e de forma mais ampla, interferindo na questão a partir de soluções mais contextualizadas. São mudanças no estilo de vida? São, mas elas precisam ser especialmente baseadas em alterações na comunidade e no ambiente, não atribuindo exclusivamente ao indivíduo tal obrigação”, diz.

“Há diferenças regionais relacionadas com questões socioeconômicas e culturais que podem impactar na epidemia da obesidade e isso faz com que não exista uma solução única para o problema”, completa o pesquisador.

O institutobaianodeobesidade destaca alguns relatos da obesidade.

Leia abaixo alguns relatos da obesidade:

“Quando eu vou em uma loja comprar uma roupa, frequentemente saio frustrada por não achar o meu tamanho. Além disso, me sinto constrangida com os olhares das vendedoras.”

“O pior momento pra mim foi quebrar uma cadeira de plástico. Nunca havia acontecido antes. Acabou minha festa, meu dia. Fiquei péssima, só queria ir pra casa. Foi muito embaraçoso e humilhante.”

“Hoje eu deixo de sair e fazer muitas coisas por VERGONHA, CONSTRANGIMENTO e CULPA”

“Não consigo mais me olhar no espelho por não me sentir bem com o meu corpo” “Por diversas vezes fiquei presa na borboleta do ônibus”

“Não consigo mais cruzar as pernas”

No trabalho, os pesquisadores destacam que, em décadas passadas, foram registradas taxas mais elevadas de obesidade em crianças e adultos de países desenvolvidos em comparação com países em desenvolvimento. No entanto, ao comparar as tendências mais recentes na prevalência da obesidade, os dados têm mostrado de forma consistente aumentos mais acentuados nos países em desenvolvimento.

De acordo com dados de pesquisas nacionais, uma grande proporção da população latino-americana tem sobrepeso ou obesidade: 75% dos adultos no México, 74% no Chile, 68% na Argentina, 57% na Colômbia e 55% no Brasil. Entre crianças e adolescentes, as taxas de sobrepeso e obesidade também são altas: 53% (Chile), 41% (Argentina), 39% (México), 30% (Brasil) e 22% (Colômbia).

Para os pesquisadores, o aumento acentuado não pode ser explicado simplesmente por fatores genéticos ou escolhas individuais, mas sim por uma combinação de fatores estruturais e de contexto, que no artigo os pesquisadores denominam como determinantes sistêmicos.

 

Foto divulgação: hospitalsaomatheus.com.br. Tanto o sobrepeso quanto a obesidade representam riscos consideráveis à saúde.

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Ana Karla - Redação Olheinfo

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