Programa Gênesis de Desenvolvimento Integrado e Sustentável no Turismo
O Programa Gênesis prevê a promoção do equilíbrio entre meio ambiente e expansão econômica
A região é carente de infraestrutura para os diversos tipos de turistas. O lugar é frequentado por turistas tradicionais e moradores que moldaram um determinado perfil de turismo e turista, esses são os que ditam o comportamento do cenário atual. Diferente do previsto pelo Plano Nacional de Turismo que determina a obrigação de atender a todos os tipos de turistas, inclusive idosos. Temos hoje o pior impacto causado à natureza, com a falta de projetos socioeconômico e ambiental sustentável; as áreas não edificadas e não aproveitadas de forma sustentável são queimadas e destruídas pelo uso desregrado dos turistas e visitantes locais.
A iniciativa do Governo de Goiás deveria ter sido vista com bons olhos, pois prevê benefícios socioeconômicos, principalmente para toda população local. Ao contrário, a mídia expõe as críticas comuns à toda iniciativa de promover algo diferente e que favorece as classes mais carentes. Com certeza, o Programa Gênesis trará grandes benefícios para a região. Por qual motivo então vem sendo taxado como uma construção desnecessária?
Programa Gênesis de Desenvolvimento
Semad – (https://www.meioambiente.go.gov.br/noticias/2263-governo-de-goi%C3%A1s-e-semad-lan%C3%A7am-nesta-sexta-feira-10-programa-g%C3%AAnesis,-de-desenvolvimento-integrado-e-sustent%C3%A1vel-para-o-nordeste-goiano.html)
O Governo de Goiás lança nesta sexta-feira o Programa Gênesis, de desenvolvimento integrado e sustentável para o Nordeste do estado. Iniciativa da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), o projeto objetiva transformar a localidade por meio da inovação e do conhecimento, consolidando uma das regiões goianas mais preservadas do Cerrado como um polo de oportunidades e referência nacional e internacional.
O Programa Gênesis prevê a promoção do equilíbrio entre meio ambiente e expansão econômica, como agente de um conjunto de ações para que a região da Chapada dos Veadeiros e demais cidades do Nordeste goiano sejam exploradas, porém com consciência ambiental. Nessa primeira etapa serão beneficiados os municípios de São João D’Aliança, Alto Paraíso de Goiás, Colinas do Sul, Teresina de Goiás, Cavalcante, Flores de Goiás, Nova Roma, Guarani de Goiás e São Domingos.
A iniciativa reforça os diversos investimentos e esforços que vêm sendo realizados pelo Governo de Goiás na região desde o início de 2019, a exemplo do Programa Goiás em Movimento – Eixo Municípios; a ampliação do serviço de energia elétrica e água tratada para as comunidades Kalungas. Também a ampliação da rede de policlínicas; além do projeto da cerveja regional e programas de qualificação para a agricultura familiar, dentre outros.
As Críticas Comuns
O Popular – ( https://noticias.uol.com.br/meio-ambiente/ultimas-noticias/redacao/2021/09/20/projeto-de-museus-na-chapada-dos-veadeiros-e-criticado-de-guias-e-moradores.htm?cmpid=copiaecola)
UOL – (https://noticias.uol.com.br/meio-ambiente/ultimas-noticias/redacao/2021/09/20/projeto-de-museus-na-chapada-dos-veadeiros-e-criticado-de-guias-e-moradores.htm?cmpid=copiaecola)
Conselho de Arquitetura pede esclarecimento ao governo sobre construções na Chapada dos Veadeiros. O projeto envolve a construção de um museu, um parque e outras edificações e vem sendo alvo de críticas de moradores e de trabalhadores do turismo local. Para eles, são construções desnecessárias que vão impactar negativamente o meio ambiente, estimular a especulação imobiliária e aumentar o fluxo de visitantes à região sem que ela tenha infraestrutura para recebê-los.
De acordo com o advogado João Yuji – ex-vereador de Alto Paraíso de Goiás pelo PTN e candidato a prefeito pela Rede derrotado nas eleições de 2020 – são “obras faraônicas que foram anunciadas do nada, numa pousada na zona rural de Alto Paraíso, sem qualquer comunicado ou consulta à população”.
Segundo o anúncio do projeto, o objetivo é “transformar o Nordeste Goiano por meio da inovação, do conhecimento e do desenvolvimento sustentável”. A ideia do governo é que a região, hoje uma das mais pobres do estado, se transforme num “polo de oportunidades”.
Política Nacional de Turismo
Segundo a EMBRATUR (Empresa Brasileira de Turismo), o ecoturismo é a atividade turística que utiliza de forma sustentável o patrimônio natural e cultural, incentiva a preservação e conservação dos lugares, e ainda, busca uma formação voltada para o meio ambiente por intermédio de experiências no ambiente natural.
A informação boa é aquela que ninguém tem, por isso buscar a melhor informação para subsidiar a tomada de decisão é o melhor caminho para evitar os erros e os desperdícios. O importante é avaliar o mercado a partir de uma visão estratégica e imparcial, no intuito de maximizar os resultados por meio do entendimento mercadológico da opinião e do comportamento do consumidor; de modo holístico e integrado ao problema e ao objetivo de pesquisa.
A Necessidade da Reestruturação no Planejamento
A fim de melhor planejar o seu futuro, a organização, seja ela pública ou privada, deve estar constantemente alinhada não apenas à sua estratégia de atuação, mas também ao ambiente em que está inserida; afinal, algumas mudanças, especialmente de ordem política, econômica e social, podem representar a necessidade de uma total reestruturação no planejamento ou na implementação de um novo empreendimento.
Diversas correntes de pensamento têm definido o desenvolvimento econômico como um processo lento, histórico e desigual no espaço e no tempo. No entanto, é consenso entre os pesquisadores dizer que desenvolvimento econômico não é apenas crescimento econômico, mas sim, melhorias nas condições de vida da população, como: acesso à educação, emprego, moradia, saneamento, lazer, entre outras. Nessa perspectiva de melhoria, alinhada ao que a região de Alto Paraíso tem de melhor, é que cabem os produtos turísticos onde a indústria e as grandes empresas não podem chegar.
Os estudos de Pelinski (2007), Piacenti (2009) e Kleinschmitt e Ferrera de Lima (2011) reforçam e demonstram empiricamente a constatação de Perroux (1977), para o qual as regiões não se desenvolvem ao mesmo tempo, nem da mesma forma, nem na mesma intensidade. O desenvolvimento econômico é localizado e envolve o surgimento de atividades econômicas motrizes, ou seja, atividades capazes de estimular outras atividades e transformar o conjunto da economia.
Já para Furtado (2000), a ideia de desenvolvimento econômico refere-se a um processo de transformação que conduz a melhorias de renda e nas relações sociais. Transformações no modo de produção, com absorção de tecnologia e introdução de inovações mais eficazes com o intuito de gerar mais produtividade e maior oferta de bens e serviços à disposição da população.
Nesse sentido, considerando-se as necessidades de sobrevivência e de sustentabilidade, as organizações necessitam cada vez mais estarem alinhadas às tendências de mercado e às demandas de seus possíveis clientes; segundo Uchôa et al (2013), a preocupação humana com o meio ambiente, fato recente, passou a modificar as estratégias de turismo, que, desde essa nova percepção, começaram a inserir atividades em ambiente natural, voltadas para sustentabilidade e preservação ambiental.
Chapada dos Veadeiros
A região da Chapada dos Veadeiros possui 21.337,541 km² e, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), é composta por oito municípios: Cavalcante, Alto Paraíso de Goiás, Teresina de Goiás, Nova Roma, Colinas do Sul (os quais surgiram a partir do desmembramento do primeiro), além de Campos Belos, Monte Alegre de Goiás e São João D´Aliança.
Essa região se destaca por possuir áreas protegidas com remanescentes do bioma Cerrado e grande número de espécies endêmicas, além de ser habitat de espécies ameaçadas de extinção, o que favorece a definição de sua prioridade para conservação (PRIMACK & RODRIGUES 2001). (Barbosa 2013) A Chapada dos Veadeiros constitui a área contínua mais preservada do Cerrado Goiano.
Com referência ao turismo nesta unidade de conservação, em 2018, foram gerados, em nível municipal, um total de R$ 174 milhões; em estadual, R$ 594 milhões e em federal, R$ 323 milhões; totalizando R$ 1,1 bilhão em impostos. A participação do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros na Contribuição dos Gastos dos Visitantes em total de impostos foi de R$ 5.804.874,20; junto com os Impactos dos Gastos dos Visitantes não locais, com o total de impostos de R$ 5.335.008,36. A análise mostrou que cada R$1 investido no ICMBio produziu R$ 15 em benefícios econômicos para o Brasil. O estudo reforçou que os impactos econômicos do turismo afetam diretamente a gestão das UCs, empreendimentos turísticos e também, indiretamente, outros negócios e comunidades locais.
Desenvolvimento Sustentável
O turismo, em função de sua amplitude e diversificação, apresenta-se como importante e promissora frente de negócios capaz de gerar empregos, distribuir renda, captar divisas e proporcionar a melhoria da qualidade de vida tanto para a população local como para os visitantes dos grandes centros. Neste sentido, adotar-se-á neste trabalho a estratégia de caracterizar o turismo como uma das suas vertentes prioritárias de desenvolvimento sustentável.
Além disso, há necessidade de intervenção, ou imposição da modernização, que pressupõe uma confiança ativa em um grupo que possui o conhecimento para entender por que o desenvolvimento pode ser construtivo, os ‘trustees’ (COWEN & SHENTON, 1996; GIBSONGRAHAM, 2005).
O turismo também se apropriou desse modelo, representado principalmente no ciclo evolutivo de áreas turísticas de Butler (1980), o qual – a partir das variáveis tempo e número de turistas – estabelece um caminho linear para se desenvolver o turismo, contemplando as seguintes fases: exploração, envolvimento, desenvolvimento, consolidação e estagnação (que pode variar entre declínio ou rejuvenescimento). Assim, o turismo “se transformou simplesmente em um agente da modernização, uma indústria, que possibilita a expansão de riqueza e renda onde a indústria convencional não conseguiu chegar” (FAZITO, 2015, p. 118).
Na Teoria da Dependência, o desenvolvimento vai além do planejamento, sendo também uma estratégia, “é um processo de acumulação de capital e de incorporação de progresso técnico através do qual os padrões de vida da população aumentam de forma sustentada.” (BRESSER-PEREIRA, 2005, p. 09).
Engels e Weege (2012), ressaltam que a Política Nacional do Turismo PNT, tem uma linha reguladora à prática do turismo, como forma de promover a valorização e a preservação do patrimônio natural e cultural do país. Além da valorização do homem como destinatário final do desenvolvimento turístico, tem por finalidade o desenvolvimento do turismo e o seu equacionamento como fonte de renda nacional.
A Lei nº 11.771/2008 institui regras sobre a Política Nacional de Turismo, caracterizando as atividades permitidas, os meios de hospedagem. Não trata especificamente de ecoturismo, embora, nos art. 3º, parágrafo único, art. 5º, VIII tratem de sustentabilidade na esfera ambiental. A Resolução Conama nº 1 de 1986: estabelece as diretrizes da Avaliação de Impacto Ambiental como instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente.
Entre outras: “Criar ambiente para a geração de empregos, a redução das desigualdades regionais e a inclusão social dos excluídos. Garantir direitos e qualidade na prestação de serviços turísticos ao consumidor. Promover a utilização sustentável do patrimônio histórico, artístico, etnográfico e ambiental do Brasil, privilegiando os critérios universais de conservação e ensejando empreendimentos geradores de emprego e renda. (BRASIL, 2012).”
Por fim, o Decreto Nº 9.791, de 14 de maio de 2019 – dispõe sobre o Plano Nacional de Turismo – PNT 2018-2022. No Art. 2º são metas globais do Plano Nacional de Turismo 2018-2022: I – aumentar a entrada anual de visitantes internacionais no país, de seis milhões e quinhentas mil pessoas para doze milhões de pessoas; II – aumentar a receita gerada pelos visitantes internacionais no país, de US$ 6.500.000.000,00 (seis bilhões e quinhentos milhões de dólares) para US$ 19.000.000.000,00 (dezenove bilhões de dólares); III – aumentar o número de viagens de turistas brasileiros pelo país, de sessenta milhões de pessoas para cem milhões de pessoas; e IV – aumentar o número de vagas para empregos no setor de turismo, de sete milhões para nove milhões. No Art. 3º são diretrizes do Plano Nacional de Turismo 2018-2022: I – fortalecimento da regionalização do turismo; II – melhoria da qualidade e da competitividade no setor de turismo; III – incentivo à inovação; e IV – promoção da sustentabilidade.
Conclusão
As críticas sempre existiram e sempre existirão, grande parte da população tem receio a mudanças e, por essa razão, preferem evitar o novo. As mudanças precisam ser monitoradas e avaliadas criteriosamente, sobretudo na defesa do patrimônio histórico e natural do Brasil. No entanto, a evolução precisa acontecer para atender as necessidades das comunidades mais carentes; que, entre outras, dependem de emprego, renda, capacitação e desenvolvimento social. Há necessidade de subsidiar o desenvolvimento do turismo sustentável. Não apenas por ideal, para alcançar benefícios ou posicionamentos de marketing (como é o comum); mas, pela urgência das ações que freiam a extensão dos impactos ambientais causados pelo setor hoteleiro e turístico, e em função do comportamento ecologicamente consciente que os consumidores vêm desenvolvendo ao buscar produtos que tenham o conceito de sustentabilidade embutido e praticam tais ações visivelmente. A condição atual do cidadão dos grandes centros, pressionado pelas restrições, também precisa ser atendida pela oferta de produtos hoteleiros que o motive a sair do meio urbano e ingressar no campo. O foco do problema estudado pelo gestor Paulo Eduardo Dubiel e pelo Dr. Augusto Vinholis é o desequilíbrio entre a expansão do turismo na região e a ausência de benefícios ambientais e sociais para o município que carece de estrutura hoteleira, de produtos turísticos, emprego e geração de renda. Portanto o Projeto Gênesis pode atender a carência regional de infraestrutura para os diversos tipos de turistas (incluindo idosos) que ainda não conhecem a região e a obrigação do estado e dos municípios com o Plano Nacional de Turismo; eliminando, assim, o grande impacto causado à natureza pela falta de projetos socioeconômico e ambiental sustentáveis nas áreas não edificadas e não aproveitadas de forma sustentável, que são queimadas e destruídas pelo uso desregrado dos turistas e dos próprios visitantes locais.
Por Paulo Eduardo Dubiel, publicitário, jornalista, graduado em Gestão de Marketing, pós-graduado em: Gestão de Negócios, Gestão da Inteligência Emocional e Gestão de ODM – Objetivos do Desenvolvimento do Milênio.