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Quilombo é potência para o turismo internacional em Niterói

Quilombo é potência para o turismo internacional em Niterói
  • Publishednovembro 1, 2024

Quilombo é potência para o turismo internacional em Niterói.

O Quilombo do Grotão, um dos mais importantes espaços de cultura negra no Rio de Janeiro, localizado no Engenho do Mato, em Niterói, participará de uma iniciativa para ampliar sua presença digital, visando atrair mais turistas estrangeiros.

A ação, promovida pela Embratur em parceria com o Sebrae, faz parte de um esforço para qualificar e divulgar destinos de turismo de base comunitária ligados à cultura brasileira. O projeto, parte do EmbraturLAB, busca capacitar espaços turísticos com ferramentas digitais acessíveis, como Google e TikTok, para ampliar o alcance e a visibilidade de experiências culturais únicas.

Marcelo Freixo, presidente da Embratur, destacou a importância das plataformas digitais no impacto direto sobre turistas internacionais, ajudando a aumentar a receita de pequenas empresas no setor de turismo. “A ação faz parte do nosso projeto de aumentar a performance comercial de micro e pequenas empresas do setor de turismo com o uso de ferramentas digitais gratuitas ou de baixo custo, como Google e TikTok. A meta é ampliar o alcance de produtos e serviços, qualificar ofertas e aumentar a receita dessas pequenas empresas. Essas plataformas digitais são fundamentais porque impactam diretamente o turista estrangeiro”, explicou Freixo.

Fundado no início do século XX, o Quilombo do Grotão é um marco da resistência negra e da preservação da cultura afro-brasileira. Sua história começou com Manoel Bonfim e Maria Vicência, que chegaram ao Engenho do Mato nos anos 1920 e se tornaram pilares da comunidade. Em 2016, o Grotão foi oficialmente reconhecido como quilombo pela Fundação Palmares, e em 2003, para assegurar a permanência no território, a comunidade iniciou uma roda de samba com a tradicional feijoada, que há 20 anos fortalece a cultura e a história local.

José Renato Gomes da Costa, conhecido como Renatão do Quilombo, celebrou a iniciativa como um grande reconhecimento: “É um troféu que nossa comunidade está ganhando. É um reconhecimento do nosso trabalho, da nossa história e da nossa importância para este território e para toda a região de Niterói. Atrair mais turistas é fundamental para a nossa subsistência, mas também para que as pessoas conheçam cada vez mais o nosso trabalho, a nossa jornada e levem consigo para os seus destinos e reproduzam estes saberes pelo mundo afora”.

O Quilombo do Grotão, que também é um Ponto de Cultura da Rede Cultura Viva de Niterói, realiza atividades como oficinas de ervas medicinais, percussão, capoeira e artesanato, consolidando-se como um importante polo cultural.

Vale ressaltar

Um espaço de resistência e valorização dos saberes e práticas ancestrais do povo negro está localizado em plena cidade de Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Com mais de 70 anos de história, o Quilombo do Grotão consolidou-se como território de cultivo das raízes da cultura afro-brasileira no estado.

A história do Grotão começou nos anos de 1920, quando Manoel Bonfim e sua esposa Maria Vicência, descendentes de negros escravizados no estado do Sergipe, chegaram ao município para trabalhar na Fazenda Engenho do Mato, responsável pela produção em larga escala de banana prata e hortifrutigranjeiros para o município de Niterói (RJ). Renatão do Quilombo, neto de Manoel Bonfim e Maria Vicência e atual presidente da Associação da Comunidade Tradicional de Engenho do Mato, conta que na década de 1940 a história da sua família com a terra que hoje é o Quilombo do Grotão começou de fato a ser escrita.

A vida da família Bonfim transcorreu com normalidade até 1956, quando a especulação imobiliária começou a assolar pelas terras do bairro que ficou conhecido como Engenho do Mato, na periferia de Niterói (RJ). Nos anos de 1960, o Estado precisou intervir para redividir as terras e assegurar que a família de Manoel e Maria permanecesse com a sua área que chegou a produzir até três mil quilos de bananas para os niteroienses. Depois de resistir por 55 anos, o Quilombo do Grotão precisou travar a sua mais dura batalha pela permanência em 2003.

Os moradores precisaram se organizar após a criação do Parque Estadual da Serra da Tiririca, em 1991, para evitar que a comunidade fosse extinta com a nova delimitação de área para a proteção ambiental. “Em 2000 para 2003, fizeram o plano de manejo e veio uma surpresa para a gente: seríamos desapropriados. Foi a verdadeira resistência. Iniciaram reuniões que nós não podíamos participar porque não tínhamos entidades representativas, associação, e para a gente conseguir participar e fazer parte do Conselho do Parque, nós começamos a fazer algumas feijoadas na lenha para arrecadar dinheiro e fazermos a nossa associação. Foi uma reinvenção o que a nossa comunidade fez para continuar com a cultura afro-brasileira”, conta Renatão.

Quilombos pelo Brasil Segundo a Fundação Cultural Palmares, o estado do Rio de Janeiro possui 40 comunidades remanescentes de quilombos reconhecidas e 3.204 foram certificadas em todo o Brasil. Atualmente, 243 comunidades tradicionais aguardam o processo de certificação.

Na História do Brasil, os quilombos ficaram conhecidos como marcos na resistência do povo negro contra o regime da escravidão. A organização econômica baseada na agricultura de subsistência, as táticas de guerrilha e a organização política foram as marcas principais destes espaços. O Quilombo dos Palmares é o mais conhecido. Formou-se no início do século 17 e durou por quase cem anos, localizava-se na Serra da Barriga, região hoje pertencente ao estado de Alagoas.

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Foto divulgação: Embratur. Quilombo.

Instagram: Olheinfo

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Ana Karla - Redação Olheinfo

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