Niterói quer sediar os Jogos Pan-Americanos de 2031
Niterói quer sediar os Jogos Pan-Americanos de 2031
Dezessete anos depois de sediar os Jogos Pan-Americanos (2007), o Rio se prepara para entrar na disputa por uma nova edição do evento, a de 2031. O modelo, no entanto, seria bastante diferente.
O prefeito eleito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT), lançou a ideia na semana passada de se candidatar e organizar o evento em parceria com a cidade do Rio, que embarcou no projeto.
Houve uma primeira reunião virtual entre Rodrigo Neves, o prefeito Eduardo Paes e a direção do Comitê Olímpico do Brasil (COB). Ficou combinado que Rio e Niterói formalizarão a pré-candidatura ao COB na semana que vem.
O documento será assinado por Paes, na condição de prefeito reeleito, e Rodrigo Neves, eleito em outubro para voltar a conduzir a cidade que já governou duas vezes. A dupla fluminense entrará numa disputa com outras duas pré-candidatas: São Paulo — que como o Rio já promoveu o Pan (em 1963) — e Assunção, no Paraguai.
Otimistas, o secretário de Esportes do Rio, Guilherme Schleder, e a vice-prefeita eleita de Niterói, a atleta olímpica Isabel Swan, vão elaborar o projeto e apostam na experiência acumulada ao longo dos anos com a realização de eventos esportivos.
Paes, por sua vez, é cauteloso sobre as chances.
— Ainda estamos avaliando — disse o prefeito do Rio, contrastando com a empolgação de Neves.
— Rio e Niterói se complementam em infraestrutura e belezas naturais. E temos uma nova geração de atletas que não competiu em 2007 — defendeu o prefeito eleito de Niterói.
O pleito do Rio será uma espécie de corrida contra o tempo, já que precisa ser oficializada até 31 de janeiro de 2025 junto à Panam Sports (ex-Odepa), organizadora do evento. Pelas regras da entidade, cada país só pode inscrever uma candidatura. Deverão ser apresentadas quatro cartas: do COB, da União, do governo estadual e da prefeitura — neste caso, das duas prefeituras —, confirmando o interesse pelo evento.
Nesse processo, Paes deve procurar o presidente Lula para obter a chancela federal, aproveitando o bom relacionamento entre os dois. Ontem, o governador Cláudio Castro avaliou que o evento é mais uma oportunidade de dar visibilidade ao estado e de atrair turistas, como aconteceu com o G20 e o show da Madonna, em Copacabana, que receberam apoio do governo.
— Reconhecemos que é uma grande oportunidade para o Rio, com potencial para fortalecer cada vez mais o calendário esportivo estadual, evidenciando também nossa vocação para acolher atletas e turistas — afirmou o governador.
O COB informou que fará uma assembleia para escolher a cidade, caso São Paulo também entre no jogo. A dúvida é sobre a data: se será antes ou depois de o nova presidente do comitê assumir, em 15 de janeiro. O atual mandatário do COB, Paulo Wanderley, que chegou a manifestar publicamente sua confiança na candidatura paulista, perdeu a reeleição para o ex-aliado Marco La Porta.
Procurada, a prefeitura de São Paulo informou, por nota, que já apresentou ao COB uma carta de intenções durante a Olimpíada de Paris, este ano, e que tem uma equipe formada por servidores de várias secretarias para planejar o evento. ‘‘No documento, o prefeito Ricardo Nunes colocou a estrutura da cidade à disposição. São Paulo já recebeu grandes torneios esportivos, como a abertura da Copa do Mundo de 2014, possui estrutura para sediar o evento, que contará com modernização para atender toda a população e turistas”, diz a nota.
Essa não é a primeira pré-candidatura de São Paulo para receber uma edição do Pan. A capital paulista chegou a manifestar interesse para sediar o evento de 2027, depois da desistência de Barranquilha (Colômbia). No entanto, não oficializou a candidatura. Lima, no Peru, que já havia promovido o Pan em 2019, acabou vencendo a disputa com Assunção por uma diferença de quatro votos (28 a 24). Se forem escolhidas pelo COB, Rio e Niterói terão que fazer à Panam Sports um aporte de US$ 50 mil (RS 290 mil), reembolsáveis em caso de derrota.
As duas cidades terão até 30 de abril para apresentar um dossiê de candidatura, detalhando onde seriam as competições e a nova vila olímpica, que deverá ter capacidade para receber de 6,5 mil a sete mil hóspedes, entre atletas, técnicos e árbitros. O martelo para definir onde será o evento será batido nos dias 6 e 7 de agosto do ano que vem, em assembleia da Panam Sports, em Assunção. Uma das apostas é na vice-prefeita eleita, Isabel Swan, que pode ter um papel importante na eleição, já que hoje ela preside o comitê executivo dos atletas da entidade esportiva.
Guilherme Schleder diz que há dois anos o Rio já analisava a possibilidade de organizar uma nova edição do Pan por ser um evento com potencial de gerar turismo e renda. Ele avalia que a cidade será uma forte candidata a 2031.
— Niterói tem áreas atraentes que podem receber eventos, como o Caminho Niemeyer e o Caio Martins. E a vantagem do Rio é a possibilidade de aproveitarmos várias instalações construídas ou reformadas para o Pan-Americano e a Olimpíada em um novo evento internacional.
Isso inclui instalações do Exército em Deodoro, o Parque Aquático Maria Lenk, o velódromo e duas arenas remanescentes da Olimpíada: o Parque Olímpico, na Barra da Tijuca, e o Estádio Nilton Santos — enumerou Schleder. — Há ainda equipamentos do governo do estado, como o Maracanã e Maracanãzinho.
A localização das arenas será definida até abril. O GLOBO apurou que uma das ideias que já está em discussão é a possibilidade de reconstrução do Célio de Barros, tradicional palco das provas de atletismo no Maracanã, que foi desativado há 11 anos. A instalação mais crítica seria a vila olímpica.
Uma das hipóteses seria aproveitar um empreendimento na Zona Portuária do Rio, o que ainda ajudaria na revitalização da área. Especula-se ainda que Niterói possa abrigar as provas náuticas pela tradição da cidade, principalmente na vela com a família Grael e a própria Isabel Swan, primeira medalhista olímpica feminina do país na modalidade — ela foi bronze em Pequim (2008).
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Foto: divulgação, Ivo Gonzalez.
